terça-feira, 2 de junho de 2009

Consumo de carne está ligado à destruição da Amazônia

A destruição da floresta Amazônica para abrir caminho às fazendas de gado foi pela primeira vez associada aos padrões de consumo de carne e couro no mundo desenvolvido, de acordo com ativistas ambientais.

A criação de gado é a causa mais importante do desmatamento da floresta tropical no Brasil. O lucrativo negócio produz carne para atender aos novos gostos dos consumidores mais ricos de economia emergentes como a China e a Índia, assim como para mercados há muito tempo estabelecidos, como a Europa e os EUA.

As exportações do setor geram mais de US$ 7 bilhões por ano para o Brasil, um número que o governo quer dobrar.

Um relatório publicado hoje pelo grupo ambientalista Greenpeace estabelece uma ligação entre o avanço das fazendas de gado na Amazônia e os produtos - principalmente carne e cosméticos - vendidos por supermercados e marcas de luxo.

Algumas companhias citadas pelo relatório como possíveis receptoras de produtos de áreas desmatadas disseram ao "Financial Times" que iriam rever suas políticas em relação aos fornecedores.

As preocupações levantadas pelo relatório também refletem um desejo cada vez maior dos consumidores de saber a procedência dos produtos que compram, o que aumentou por conta dos temores recentes em relação aos alimentos.

A Unilever disse que lançaria um "auditoria de procedência" para garantir que nenhum de seus produtos venham de áreas desmatadas, apesar de já ter um código de conduta para seus fornecedores.

A rede de supermercados Waitrose disse que examinaria as provas do Greenpeace e "conduziria uma investigação minuciosa" se necessário.

A Tesco disse que seus produtos de carne vêm de áreas localizadas a 3.000 quilômetros da Amazônia.

A Kraft Foods disse que só comprou carne do Brasil para produtos vendidos localmente na Itália, e suas compras mundiais representam menos de 0,2% da produção total de carne do Brasil.

A marca de bens de luxo Prada negou comprar couro brasileiro. Segundo ela, "o couro brasileiro é de muito baixa qualidade para nós. Nossos especialistas são capazes de perceber a diferença."

O Greenpeace está pedindo que as companhias que têm ligações com o Brasil estabeleçam políticas para assegurar que nenhum dos produtos que vendem venham de áreas desmatadas.

A rede varejista Marks and Spencer disse que tem procedimentos para assegurar que sua carne venha apenas de fazendas específicas, com animais marcados e carcaças com selos em todos os estágios.

Outros supermercados contatados pelo FT disseram que seus fornecedores assinaram contratos garantindo que sua carne não vem da Amazônia.

Todavia, o Greenpeace sustenta que muitos desses contratos não passam de "exercícios de preencher formulários" e os distribuidores não têm procedimentos adequados para garantir que as condições do contrato são cumpridas.

A maior parte do setor de exportação de carne do Brasil é administrada por um pequeno número de companhias. Três delas, contatadas pelo FT, não responderam à reportagem. Uma quarta, a Bertin, processadora de carne e couro, disse: "Estamos caminhando na direção de métodos mais sustentáveis e esta é a tendência de todo o setor".

A International Finance Corporation, que forneceu financiamento para a Bertin, disse: "Tem havido progressos, mas ainda existem desafios".

Pessoas que conhecem bem a situação dizem que os problemas sérios persistem. Um executivo do setor, que pediu para não ser identificado, disse: "O maior problema é controlar o comportamento dos fazendeiros. Vários produtores não têm nem mesmo propriedade legal sobre suas terras".

O texano John Carter, que é fazendeiro no Mato Grosso, no sul da Amazônia, disse: "Simplesmente não há dúvida de que a produção de carne migrou para a Amazônia". 

sexta-feira, 29 de maio de 2009

Poluição custa R$ 400 mi por ano ao sistema de saúde de SP

Estudo elaborado pelo Laboratório de Poluição Atmosférica Experimental da USP aponta que São Paulo gasta aproximadamente R$ 400 milhões anualmente com internações causadas por problemas de saúde relacionados à poluição. De acordo com o diretor da entidade, Paulo Saldiva, o custo chega a R$ 2,01 bilhões em todo o Brasil.

O estudo analisou os gastos do sistema de saúde em seis regiões metropolitanas do país. Segundo Saldiva, a apresentação do custo da poluição aos cofres públicos surte mais efeito junto a população do que o número de pessoas afetadas pelo problema. "Acho que ninguém se impressiona muito com pilhas de corpos", afirmou em entrevista ao Jornal do Terra.Segundo Saldiva, de 19 a 20 pessoas tem a vida encurtada todos os dias por problemas causados pelo nível de poluição em São Paulo. O estudo aponta que a diminuição na expectativa de vida média do paulistano chega a um ano.

by Redação Terra

quarta-feira, 27 de maio de 2009

Vazamento em ANGRA 2 em 15 de maio

Erro humano causou vazamento em Angra 2 no dia 15; Eletronuclear diz que "não houve impacto"

A Eletronuclear, subsidiária da Eletrobrás que constrói e opera as usinas nucleares do Brasil, informou nesta terça-feira (26maio2009) que, no último dia 15, houve um vazamento de radiação da Usina de Angra 2, provocado por um erro humano. Segundo a empresa, no entanto, o acidente "não provocou impacto para o meio ambiente, para os funcionários nem para a comunidade".QUATRO PESSOAS FORAM CONTAMINADAS

Um funcionário que fazia a limpeza de um equipamento em uma sala de descontaminação da Usina Nuclear de Angra 2, em Angra dos Reis (RJ), esqueceu uma porta aberta e houve circulação de material radioativo, de acordo com a Eletronuclear; todos foram monitorados, passaram por descontaminação e já trabalham normalmente

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Um funcionário que realizava um procedimento de rotina de descontaminação de uma peça teria deixado de fechar uma porta, permitindo a circulação de material radioativo. O sistema de alarme detectou o vazamento e foi acionado, segundo nota divulgada nesta terça.

Seis trabalhadores estavam próximos àquela sala e todos foram "minuciosamente monitorados" até que se verificasse que o nível de radiação a que se submeteram "foi muito abaixo dos limites estabelecidos nos procedimentos da empresa e nas normas reguladoras", afirmou a empresa. Todos os seis funcionários, segundo a Eletronuclear, estão trabalhando normalmente.

A Eletronuclear disse que o incidente foi comunicado à Comissão Nacional de Energia Nuclear (Cnen) e à Prefeitura de Angra dos Reis e foi classificado como evento não usual, "encerrado às 18h15 do mesmo dia".

Quatro trabalhadores contaminados
A Comissão Nacional de Energia Nuclear (Cnen) informou que quatro dos seis trabalhadores que estavam próximos ao local foram contaminados em níveis abaixo de 0,1% dos limites estabelecidos em norma para os trabalhadores.

"A equipe de proteção radiológica iniciou os trabalhos de descontaminação e, em seguida, os trabalhadores passaram pelos portais da área controlada da usina e nenhum alarme foi acionado", segundo o órgão. A nota diz ainda que a liberação ao meio ambiente foi de cerca de 0,2% dos limites estabelecidos pela Cnen. Por isso, "o incidente não trouxe consequência à população e ao meio ambiente da região".

Angra fica entre São Paulo e Rio

UOL Mapas

A Cnen disse que o "evento não usual" ocorreu dentro do edifício auxiliar de Angra 2, e não no prédio do reator. "Este evento é classificado na escala internacional de eventos nucleares (Ines) da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) como nível 1 (anomalia ou desvio operacional)", numa escala que vai de zero a 7.

Procurado pelo UOL Notícias, o Ministério das Minas e Energias declarou que não irá se pronunciar sobre o ocorrido.

Para a Sape (Sociedade Angrense de Proteção Ecológica) o acidente é grave. A organização afirma que a Defesa Civil do município foi avisada somente no dia 18, três dias após a ocorrência.

Mais sobre a usina nuclear
Em maio do ano passado, a usina Angra 2 ficou parada 35 dias para manutenção programada. Em 2007, chegou a ficar desligada por uma falha na fonte de alimentação do sistema de controle da turbina geradora. Segundo a Eletronuclear, o problema não teve qualquer ligação com o material radioativo.

Fruto de um acordo nuclear Brasil-Alemanha, a construção e a operação de Angra 2 ocorreram conjuntamente à transferência de tecnologia para o país. A usina opera com um reator tipo PWR (reator à água pressurizada) e, sozinha, poderia atender ao consumo de uma região metropolitana do tamanho de Curitiba, com dois milhões de habitantes.

Em 2008, a usina nuclear registrou a maior geração de energia elétrica desde 2001. A geração elétrica de Angra 1 e 2 corresponde a cerca de 3% do total gerado no país. A energia dessas usinas é voltada basicamente para a região Sudeste do país, principal consumidor do Brasil.

O governo decidiu retomar as obras de Angra 3, a terceira usina do programa nuclear brasileiro, em junho de 2007, paradas há mais de 20 anos por falta de recursos públicos e dúvidas sobre os riscos. Parada, Angra 3 custava US$ 20 milhões por ano, pagos pelo governo para que se preservasse o canteiro de obras. 

sábado, 23 de maio de 2009

CTNBio avalia liberar novos transgênicos sem análises prévias

A Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) aprovou na quinta-feira parecer favorável à liberação comercial da quinta variedade de algodão geneticamente modificado no país. E avançou na criação da norma que permitirá a aprovação automática de transgênicos resultantes do cruzamento de duas ou mais modificações genéticas.

Por 16 votos contra quatro, o colegiado aceitou os argumentos da multinacional americana Monsanto para dar sinal verde ao algodão transgênico resistente a insetos " Bollgard II " , cujo pedido havia sido feito em junho de 2007. É o 12º produto geneticamente modificado aprovado pela comissão desde 1996.

Em uma discussão recheada de polêmica, os membros da CTNBio avançaram na construção de uma regra que poderá isentar de análise prévia produtos transgênicos originados do cruzamento de espécies já avaliadas pelo colegiado.

A regra valeria para transgênicos combinados por meio de processos de melhoramento genético clássicos. Para boa parte da comissão, esses novos produtos, submetidos aos métodos tradicionais de manipulação em laboratório, mantêm características equivalentes aos transgênicos originais. 

Assim, estariam dispensados de análise e da emissão de um novo parecer técnico. Outra parcela dos membros do colegiado pregam cautela porque não haveria base científica para comprovar a equivalência entre o produto original e seu cruzamento com outro transgênico.

Na fila de pedidos apresentados pelas empresas de biotecnologia , há três " eventos " cuja avaliação já teve a tramitação iniciada: algodão resistente a insetos e glifosato da Monsanto que combina as características modificadas dos produtos " MON531 " e " MON1445 " ; o milho da Monsanto " MON810 + NK603 " ; e o milho da Syngenta " Bt11 + GA21 " . Existe, ainda, um pedido conjunto da Dow AgroSciences e da DuPont para o milho combinado " TC1507 + NK603 " .

A permissão da CTNBio para esses produtos, considerados de " segunda geração " pelas empresas, reabriu a divisão interna no colegiado. A nova regra seria um sinal de " liberou geral " da comissão, segundo cientistas com restrições ao uso da biotecnologia no campo. Para os membros favoráveis à tecnologia de modificação genética, a medida ajudaria a " acelerar " a avaliação de processos na comissão.

Iniciado com celeridade, o processo de criação da nova norma esbarrou em alegações de eventual ilegalidade na isenção da análise prévia pela CTNBio. O Ministério Público Federal aguarda o desdobramento para questionar a norma na Justiça. " Há um interesse muito grande do MP sobre isso. Mas já estamos acostumados. Se for ilegal, é ilegal e pronto. Somos eventualmente ameaçados pelo MP " , diz o presidente da CTNBio, o médico bioquímico Walter Colli. 

A contrariedade de parte dos membros da comissão suscitou uma reação antecipada de Colli: " É preocupante porque parece um ? prato feito ? para que a coisa desande como em 2006. Nossa posição técnica não tem nada a ver com CNBS [conselho de ministros], Anvisa ou Ibama " , disse.

Em parecer, o especialista Leonardo Melgarejo afirmou que os membros da CTNBio poderiam responder de forma solidária por eventuais danos causados pelos novos transgênicos cruzados. Em outro texto, o biólogo molecular Giancarlo Pasquali contestou as diferenças entre os produtos originais e o transgênico resultante de cruzamento. A consultora jurídica do Ministério da Ciência e Tecnologia, Lídia de Lima Amaral, afirmou que, em sua opinião, não haveria motivos para preocupação: " De antemão, tranquilizo os membros sobre a legalidade do pedido. Não há motivo para temer a responsabilização civil ou penal " .

Mesmo assim, diante do racha e dos questionamentos, o presidente da CTNBio decidiu retirar os pedidos das empresas da pauta da reunião de ontem e aguardar o prazo de consulta pública para retomar a avaliação de uma nova norma. Mas a discussão só deve ocorrer em julho, já que o relator do assunto, o biofísico Paulo Paes de Andrade, reivindicou mais tempo para completar seu parecer.

By Mauro Zanatta | Valor Econômico

quarta-feira, 20 de maio de 2009

Refrigerantes têm substância cancerígena, revela pesquisa

Em uma pesquisa com 24 refrigerantes, a Pro Teste --Associação Brasileira
 de Defesa do Consumidor-- verificou que 7 têm benzeno, substância
 potencialmente cancerígena. O benzeno surge da reação de um conservante, o
 benzoato de sódio, com a vitamina C. Como não há regra para a quantidade do
 composto em refrigerantes, usou-se o limite para água potável: 5
 microgramas por litro.
 
 
 Os casos mais preocupantes foram o da Sukita Zero, que tinha 20
 microgramas, e o da Fanta Light, com 7,5 microgramas. Os outros cinco
 produtos estavam abaixo desse limite. São eles: Dolly Guaraná, Dolly
 Guaraná Diet, Fanta Laranja, Sprite Zero e Sukita.
 
 
 Fernanda Ribeiro, técnica da Pro Teste, diz que é difícil estudar a relação
 direta entre o benzeno e o câncer em humanos, mas que já se sabe que a
 substância tem alto potencial carcinogênico e que, se consumida
 regularmente, pode favorecer tumores. "Segundo a OMS (Organização Mundial
 da Saúde), não há limite seguro para ingestão dessa substância", diz.
 
 
 A química Arline Abel Arcuri, pesquisadora da Fundacentro (Fundação Jorge
 Duprat Figueiredo de Segurança e Medicina do Trabalho) e integrante da
 Comissão Nacional Permanente do Benzeno, diz que o composto vem sendo
 relacionado especialmente a leucemias e, mais recentemente, também ao
 linfoma.
 
 
 O fato de entrar em contato com o benzeno não significa necessariamente que
 a pessoa vá ter câncer --há organismos mais e menos suscetíveis. "Mas não
 somos um tubo de ensaio para saber se resistimos ou não, e não há limites
 seguros de tolerância. O ideal, então, é não consumir", diz Arcuri.
 
 
 O benzeno está presente no ambiente, decorrente principalmente da fumaça do
 cigarro e da queima de combustível. Na indústria, é matéria-prima de
 produtos como detergente, borracha sintética e náilon.
 
 
 Nesse caso, não contamina o consumidor por se transformar em outros
 compostos. A principal preocupação é proteger o trabalhador da indústria.
 
 
 O efeito do benzeno é lento, mas, quanto maior o tempo de exposição e a
 quantidade do composto, maior a probabilidade de desenvolver o tumor.

quarta-feira, 13 de maio de 2009

Empresa é multada por retirar bichos na área do Rodoanel

Em São Paulo
A Superintendência do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama) no Estado de São Paulo multou a Desenvolvimento Rodoviário S.A. (Dersa) em R$ 282,5 mil por recolher animais da fauna silvestre durante as obras do Trecho Sul do Rodoanel sem autorização. Ontem, o jornal "O Estado de S. Paulo" revelou que 105 animais que habitavam áreas da obra, em região de mata atlântica, morreram depois de passar pelo manejo de técnicos da empresa ligada ao governo estadual e responsável pelo empreendimento. 

Animais silvestres morrem durante obras do Rodoanel
Mais de cem animais silvestres já morreram desde o início das obras do Trecho Sul do Rodoanel em áreas de mata atlântica, em São Paulo. Parte era de espécies ameaçadas de extinção

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Parte dos animais mortos era de espécies com risco de extinção, como veado-catingueiro, preguiça-de-três-dedos e bugio, entre outros. O Ibama solicita esclarecimentos da empresa quanto ao destino dos animais. A Dersa tem 20 dias para apresentar defesa na autuação ou pagar a multa. Segundo o Ibama, a Dersa chegou a informar que foram coletados 457 animais silvestres nativos, sendo que pelo menos 12 são de espécies ameaçadas de extinção. Entre os animais estavam primatas e aves. 

A Dersa informou que 371 bichos foram devolvidos para a mata sem apresentar problemas, enquanto 137 acabaram enviados para recuperação em clínicas veterinárias e parques conveniados. Desse total, 105 - 76,6% - morreram porque tiveram ferimentos graves ou sofreram estresse profundo. Os bichos foram levados para parques em Santo André, em São Bernardo do Campo e em São Paulo. As clínicas estão em Cotia e Embu. A Dersa informou que recorrerá da multa e que o programa de resgate de animais apresentado foi aprovado pelo próprio Ibama.

O Ministério Público Estadual (MPE) vai investigar a morte dos 105 animais silvestres. O promotor de Justiça e Meio Ambiente da capital Marcos Lúcio Barreto disse que "a situação demanda apurar eventual omissão ou falta de cuidados" dos responsáveis pelo manejo dos bichos. "Essa denúncia será objeto de procedimento investigativo para apuração de responsabilidades", afirmou. As informações são do jornal "O Estado de S. Paulo". 

terça-feira, 21 de abril de 2009

Florestas correm risco de parar de 'filtrar' carbono, diz estudo

O papel das florestas de atuar como filtros gigantes de carbono está sob o risco de "ser totalmente perdido", segundo um relatório compilado por alguns dos maiores cientistas florestais do mundo.

O documento compilado por 35 profissionais da União Internacional das Organizações de Pesquisas Florestais (IUFRO, na sigla em inglês) afirma que as florestas estão sob um crescente estresse como resultado das mudanças climáticas.

Ainda segundo o relatório, as florestas podem começar a liberar uma enorme quantidade de carbono na atmosfera se as temperaturas do planeta subirem 2,5ºC acima dos chamados níveis pré-industriais.

As descobertas serão apresentadas no Fórum da ONU sobre Florestas, que começa nesta segunda-feira, em Nova York, e estão sendo descritas como sendo a primeira avaliação mundial da capacidade das florestas se adaptarem às mudanças climáticas.

Seca e pobreza

"Normalmente, pensamos nas florestas como 'freios' do aquecimento global", disse à BBC Risto Seppala, do Instituto de Pesquisa Florestal da Finlândia e presidente do painel de especialistas.

"Mas nas próximas décadas, os danos provocados pelas mudanças climáticas podem fazer com que as florestas comecem a liberar uma enorme quantidade de carbono, criando uma situação em que elas contribuirão mais para o aceleramento do aquecimento do que ajudarão a reduzi-lo."

Os cientistas esperam que o relatório ajude a informar os profissionais envolvidos nas negociações sobre as políticas ambientais.

O documento destaca ainda outros fatos novos, como a projeção de que as secas devem se tornar mais intensas e frequentes nas florestas subtropicais e temperadas do sul, e de que as plantações comerciais de madeira podem se tornar inviáveis em algumas áreas.

O relatório diz também que as mudanças climáticas podem "aprofundar a pobreza, deteriorar a saúde pública e aumentar os conflitos sociais" entre as comunidades da África que dependem das florestas.

Andreas Fischlin, do Instituto Federakl Suíço de Tecnologia, e co-autor do estudo, ressalta, no entanto, que mesmo que se implemente todas as medidas necessárias, as mudanças climáticas podem ainda neste século exceder a capacidade adaptativa de muitas florestas".

"A única maneira de assegurar que as florestas não sofram danos sem precedentes é conseguir fazer uma enorme redução nas emissões dos gases de efeito estufa", concluiu.

Floresta Amazônica

Desmatamento responde por 20% das emissões provocadas pelo homem


By BBC