quarta-feira, 27 de maio de 2009

Vazamento em ANGRA 2 em 15 de maio

Erro humano causou vazamento em Angra 2 no dia 15; Eletronuclear diz que "não houve impacto"

A Eletronuclear, subsidiária da Eletrobrás que constrói e opera as usinas nucleares do Brasil, informou nesta terça-feira (26maio2009) que, no último dia 15, houve um vazamento de radiação da Usina de Angra 2, provocado por um erro humano. Segundo a empresa, no entanto, o acidente "não provocou impacto para o meio ambiente, para os funcionários nem para a comunidade".QUATRO PESSOAS FORAM CONTAMINADAS

Um funcionário que fazia a limpeza de um equipamento em uma sala de descontaminação da Usina Nuclear de Angra 2, em Angra dos Reis (RJ), esqueceu uma porta aberta e houve circulação de material radioativo, de acordo com a Eletronuclear; todos foram monitorados, passaram por descontaminação e já trabalham normalmente

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Um funcionário que realizava um procedimento de rotina de descontaminação de uma peça teria deixado de fechar uma porta, permitindo a circulação de material radioativo. O sistema de alarme detectou o vazamento e foi acionado, segundo nota divulgada nesta terça.

Seis trabalhadores estavam próximos àquela sala e todos foram "minuciosamente monitorados" até que se verificasse que o nível de radiação a que se submeteram "foi muito abaixo dos limites estabelecidos nos procedimentos da empresa e nas normas reguladoras", afirmou a empresa. Todos os seis funcionários, segundo a Eletronuclear, estão trabalhando normalmente.

A Eletronuclear disse que o incidente foi comunicado à Comissão Nacional de Energia Nuclear (Cnen) e à Prefeitura de Angra dos Reis e foi classificado como evento não usual, "encerrado às 18h15 do mesmo dia".

Quatro trabalhadores contaminados
A Comissão Nacional de Energia Nuclear (Cnen) informou que quatro dos seis trabalhadores que estavam próximos ao local foram contaminados em níveis abaixo de 0,1% dos limites estabelecidos em norma para os trabalhadores.

"A equipe de proteção radiológica iniciou os trabalhos de descontaminação e, em seguida, os trabalhadores passaram pelos portais da área controlada da usina e nenhum alarme foi acionado", segundo o órgão. A nota diz ainda que a liberação ao meio ambiente foi de cerca de 0,2% dos limites estabelecidos pela Cnen. Por isso, "o incidente não trouxe consequência à população e ao meio ambiente da região".

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A Cnen disse que o "evento não usual" ocorreu dentro do edifício auxiliar de Angra 2, e não no prédio do reator. "Este evento é classificado na escala internacional de eventos nucleares (Ines) da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) como nível 1 (anomalia ou desvio operacional)", numa escala que vai de zero a 7.

Procurado pelo UOL Notícias, o Ministério das Minas e Energias declarou que não irá se pronunciar sobre o ocorrido.

Para a Sape (Sociedade Angrense de Proteção Ecológica) o acidente é grave. A organização afirma que a Defesa Civil do município foi avisada somente no dia 18, três dias após a ocorrência.

Mais sobre a usina nuclear
Em maio do ano passado, a usina Angra 2 ficou parada 35 dias para manutenção programada. Em 2007, chegou a ficar desligada por uma falha na fonte de alimentação do sistema de controle da turbina geradora. Segundo a Eletronuclear, o problema não teve qualquer ligação com o material radioativo.

Fruto de um acordo nuclear Brasil-Alemanha, a construção e a operação de Angra 2 ocorreram conjuntamente à transferência de tecnologia para o país. A usina opera com um reator tipo PWR (reator à água pressurizada) e, sozinha, poderia atender ao consumo de uma região metropolitana do tamanho de Curitiba, com dois milhões de habitantes.

Em 2008, a usina nuclear registrou a maior geração de energia elétrica desde 2001. A geração elétrica de Angra 1 e 2 corresponde a cerca de 3% do total gerado no país. A energia dessas usinas é voltada basicamente para a região Sudeste do país, principal consumidor do Brasil.

O governo decidiu retomar as obras de Angra 3, a terceira usina do programa nuclear brasileiro, em junho de 2007, paradas há mais de 20 anos por falta de recursos públicos e dúvidas sobre os riscos. Parada, Angra 3 custava US$ 20 milhões por ano, pagos pelo governo para que se preservasse o canteiro de obras. 

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